A China emitiu, na sexta-feira (14), uma severa advertência aos Estados Unidos e à Coreia do Norte para que os países não se excedam em suas desavenças a ponto de iniciar uma guerra na Península da Coreia.
De acordo com a agência de notícias oficial da China, a Xinhua, o ministro das Relações Exteriores do país, Wang Yi, afirmou que “nuvens de tempestade” estariam se aproximando, uma referência aos preparativos da Coreia do Norte para conduzir um novo teste nuclear e o envio de navios militares dos EUA à região. Além disso, os militares norte-americanos vêm realizando exercícios de grande escala com forças sul-coreanas, ato que a nação de Kim Jong-um considera uma provocação.
A Coreia do Norte, inclusive, acusou o presidente dos EUA, Donald Trump, de estar “procurando confusão” com tuítes que considerou “agressivos”, em meio à preocupação de que as provocações entre os dois países pudessem resultar em ações militares. Em resposta à Trump, o exército norte-coreano ameaçou aniquilar as bases militares estadunidenses localizadas na Coreia do Sul e também o palácio presidencial de Seul.
A tensão é crescente nas últimas semanas, à medida que se aproximava a data de a Coreia do Norte se promover o “grande evento” de 15 de abril. Conhecido como “Dia do Sol”, a data remete ao nascimento de Kim II Sung, fundador do país. Neste sábado, além de celebrar a data exibindo arsenal e dezenas de milhares de soldados, Pyongyang utilizou o desfile para uma demonstração de força e enviar uma mensagem a Washington, Seul, Tóquio e demais países sobre as suas capacidades militares. “Estamos prontos para responder a uma guerra total com uma guerra total e estamos prontos para responder com ataques nucleares a qualquer ataque nuclear”, declarou em discurso desafiador Choe Ryong Hae, vice-presidente da Comissão dos Assuntos de Estado, segundo na hierarquia do país.
Do outro lado, Trump afirma que “todas as cartas estão na mesa”. O que realmente se espera é que neste fim de semana um grande desfile aconteça em Pyongyang, onde podem ser apresentados novos mísseis.
Os Estados Unidos enviaram porta-aviões para a região da Península Coreana, e Trump escreveu em seu Twitter que se a China não usar sua força para controlar a Coreia do Norte, os EUA agirão. O vice do republicano, Mike Pence, chega a Seul no domingo (16) para uma série de visitas pela Ásia, e tem como objetivo principal estreitar os laços com Japão e Coreia do Sul a fim de impedir o avanço do programa norte-coreano de armas nucleares.
Han Song-ryol, vice-chanceler da Coreia do Norte, disse à agência de notícias Associated Press que Trump é “mais agressivo” que os presidentes norte-americanos anteriores, o que piora a situação. Han também afirmou que o país está pronto para agir e se defender, pois “temos um dissuasor nuclear poderoso já em nossas mãos, e certamente não ficaremos de braços cruzados caso os EUA decidam atacar”.
A rede de televisão norte-americana NBC, citando oficiais de inteligência dos EUA, noticiou na quinta-feira (13) que o país estava pronto para realizar um ataque preventivo se a Coreia do Norte estivesse prestes a realizar um teste nuclear. Um funcionário do Departamento de Defesa, porém, disse que a questão era meramente “especulativa”, e analistas duvidam que Washington tomaria tal ação.
Os tuítes de Trump e sua aproximação com o presidente da China, Xi Jinping, indicam que Pequim está inclinada a reprimir a Coreia do Norte. Mas há mais indícios. Em fevereiro, a China baniu a importação de carvão da Coreia do Norte. A partir de segunda-feira (16), os voos da Air China entre a capital do país e Pyongyang estão suspensos, sem previsão de retorno.
Enquanto isso, o governo do Japão tem tomado suas próprias precauções. O Conselho de Segurança Nacional japonês está discutindo como evacuar os cerca de 60 mil japoneses que moram na Coreia do Sul. Há, ainda, planos para a seleção de espiões e soldados.
“Não podemos ignorar a [dura] realidade, pois o ambiente de segurança em torno do Japão está cada vez mais difícil”, disse o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Colaborou: Mariana Balan./ Gazeta do Povo