Partido tem 4 ministérios, mas relação com o governo estremeceu após delações da JBS envolverem presidente. Uma ala da sigla defendia a saída imediata do governo e outra, a permanência.

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o senador tucano José Serra (SP) anunciaram na noite desta segunda-feira (12), durante reunião da comissão executiva do PSDB em Brasília, que o partido permanecerá no governo Michel Temer.

Além dos integrantes da Executiva Nacional, também estiveram presentes à reunião os quatro ministros do partido, deputados, senadores, governadores – entre os quais Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR), Simão Jatene (PA) e Marconi Perillo (GO) –, prefeitos de capitais – incluindo João Doria (São Paulo) e Arthur Virgílio Neto (Manaus) – e dirigentes regionais.

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"O PSDB está dentro desse governo, com os seus ministros, em nome não do governo, nós não somos defensores do governo, mas estamos em nome da estabilidade e das reformas que são necessárias. Nossa maior preocupação são os desempregados que estão aí e não deixar que essa crise econômica venha a piorar", disse Tasso Jereissati.

Antes da fala do presidente interino do partido, o senador José Serra, que foi ministro das Relações Exteriores, já havia dito que a legenda "não fará nenhum movimento agora no sentido de sair do governo". Segundo ele, a decisão tomada é que os quatro ministros tucanos permanecerão no governo.

O PSDB detém o comando dos ministérios de Relações Exteriores, Secretaria de Governo, Cidades e Direitos Humanos e é um dos principais aliados do governo no Congresso.

"O Keynes, que foi o maior economista do século passado, tem uma frase que eu uso sempre: 'Quando os fatos mudam, eu mudo de opinião'. Você faz o quê? Se os fatos mudarem, há outras análises", afirmou Serra a jornalistas, que aguardavam o fim da reunião do lado de fora.

A relação entre o partido e o governo sofreu um abalo depois que surgiram as acusações feitas de executivos da JBS envolvendo o nome do presidente. Investigado pela Operação Lava Jato, Temer é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. Há ainda a expectativa de que o Ministério Público Federal apresente uma denúncia contra ele nas próximas semanas.

Eleições tucanas

Segundo Serra e outros tucanos que participaram da reunião, foi debatida a possibilidade de antecipação das eleições internas do partido já para este ano.

No fim do ano passado, o senador afastado Aécio Neves foi reconduzido à presidência da legenda. Ele se licenciou da função após as delações dos donos e executivos do grupo JBS.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que era contra a recondução de Aécio, foi um dos tucanos que defenderam a antecipação do pleito interno.

“Falou-se em antecipar as eleições e provavelmente será antecipada. Lembramos que o Tasso Jereissati está na presidência interina”, afirmou José Serra.

Divisão interna

Diante da crise política, o PSDB sofreu uma divisão interna. Há uma ala, especialmente entre os parlamentares mais jovens da legenda, que pressiona pela saída do governo.

A discussão sobre eventual desembarque vem sendo ensaiada há várias semanas, mas acabou adiada devido às pressões internas de tucanos contrários. A reunião da cúpula do PSDB, prevista para a semana passada, chegou a ser postergada a fim de se esperar o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira, no qual a chapa Dilma-Temer foi absolvida das acusações de irregularidades na campanha eleitoral de 2014.

Apesar do resultado favorável a Temer, os descontentes com a aliança entendem que o partido não deveria levar isso em conta.

Relator da reforma trabalhista no Senado, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), é um dos que defendiam que o partido entregasse os cargos no Executivo. Para ele, as denúncias contra Temer são “devastadoras” e comprometem o andamento das reformas no Congresso.

“Todo tempo do governo será dedicado à sua defesa [...] Os fatos indicam que o partido [PSDB] deve entregar os cargos para que a gente possa lutar pelas reformas”, disse.

Estratégia

Para Temer, a permanência dos tucanos na base aliada seria importante não só pela sustentação política, mas também porque o PSDB é um dos principais apoiadores do governo na aprovação das reformas enviadas pelo Planalto para o Congresso.

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