Depois de passar dois anos e meio preso, o empresário e ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, deve deixar a carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba (PR), no próximo dia 19. Ele foi condenado na Lava Jato, pelo juiz federal Sérgio Moro, a 19 anos e quatro meses de prisão, acusado nos crimes de corrupção passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
No entanto, ele ainda deve permanecer mais dois anos e meio em prisão domiciliar, fazendo uso de tornozeleira eletrônica, conforme acordo firmado com os investigadores da força-tarefa.
Neste primeiro Natal fora da prisão, Marcelo ficará longe da família, de acordo com informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Seus pais estarão na Bahia, na Ilha de Kieppe, pertencente à família Odebrecht. E mesmo que lá não estivessem, dificilmente confraternizariam todos juntos.
Desde que a empreiteira fechou a delação premiada, arquitetada pelo patriarca da família, Emílio Odebrecht, os ânimos se acirraram entre o clã. Marcelo, ainda segundo a Folha, teria brigado com a irmã, Mônica, com o cunhado, Maurício Ferro, que também é diretor no grupo, com a mãe, a quem era muito ligado, e com o diretor jurídico Adriano Maia.
Durante seus depoimentos, tem repetido que há imprecisões nos termos do acordo, chegando a afirmar, inclusive, que foi injustiçado. Já Emílio, cuja relação com Marcelo estava estremecida até mesmo antes disso, porque o filho discordava das estratégias de defesa adotadas pelo pai, defendeu os acordos de colaboração com "unhas e dentes", considerando-os a única forma de salvar o grupo da falência.
O "fosso" entre os dois só se aprofundou depois da delação e Emílio, que acabou assumindo a empresa no lugar de Marcelo, visitou o filho poucas vezes na prisão.
Por causa dessa tensão, a saída de Marcelo do presídio também estaria preocupando os executivos da empresa. Eles temem que intervenções dele em ações penais contrariem depoimentos dos acordos de delação.
O herdeiro é o único delator do grupo que segue preso. Ao se dizer injustiçado, cita o exemplo do sítio de Atibaia, que teria sido dado a Lula como pagamento de propina. Segundo ele, a culpa foi imputada a ele quando, na verdade, o "mimo" seria de responsabilidade de Emílio. Há ainda casos de delatores que, segundo Marcelo, não deveriam estar no acordo porque não eram os responsáveis pelo suborno. Lula nega que seja dono do imóvel e que tenha recebido benefícios da Odebrecht.
A empreiteira se pronunciou sobre o assunto e, por meio de nota, disse que "fez uma colaboração ampla e definitiva com as autoridades, contendo mais de 900 relatos apresentados pela empresa e 77 executivos".
Afirmou, ainda, que "a colaboração se mostra eficaz, comprovada com milhares de documentos, planilhas, recibos e extratos bancários". A empresa também aceitou pagar uma multa de US$ 2,6 bilhões (R$ 8,4 bilhões).
Das Agências