Segundo o Inep, índice de reprovação entre os paranaenses nesta etapa é de 13,6%

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Dificuldade financeira, gravidez precoce, envolvimento com drogas, problemas familiares e um ensino com poucos atrativos para os alunos estão entre as dezenas de motivos listados por especialistas para a evasão escolar. Dados divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) revelam que 12% dos estudantes da rede pública em todo o País deixaram de frequentar a escola no decorrer do ensino médio entre 2014 e 2015. O maior índice foi verificado no Pará, onde 17% dos alunos interromperam os estudos. A menor taxa ocorreu em Roraima, com 9,6%. 

Para calcular os indicadores de fluxo escolar, o Inep e o Ministério da Educação (MEC) consideraram os dados obtidos por meio do Censo Escolar. Entre 2014 e 2015, o Paraná foi o segundo Estado com menor índice de evasão escolar no ensino médio: 10,1%. No entanto, o cenário é praticamente o mesmo de 2007 e 2008, quando 11,9% dos alunos interromperam os estudos. A reprovação também se manteve constante. Apenas as taxas foram divulgadas pelo MEC; os números absolutos não foram revelados. (Veja infográfico) 

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Para a coordenadora de planejamento e avaliação da Seed (Secretaria de Estado da Educação), Katya Prust, os números reforçam a necessidade de reformulação do ensino médio e os desafios do setor. "As ações nas áreas da educação são a médio e longo prazo. Todas as ações que nós desenvolvemos são gradativas. […] O objetivo da secretaria é zerar qualquer tipo de evasão e abandono em qualquer nível. É para isso que nós trabalhamos. Todos os nossos esforços são para reduzir ao máximo esses índices, mas temos claro que essa taxa está fora do que a gente espera para o jovem paranaense", lamentou. 

Mais de 1,1 milhão de estudantes frequentam as 2.100 escolas estaduais do Paraná. A coordenadoria faz parte do Departamento de Educação Básica da Seed que, há pouco mais de dois anos, desenvolve um programa de combate ao abandono escolar. Quando o adolescente falta por cinco dias consecutivos, uma equipe da gestão escolar procura pela família para tentar entender as razões da ausência. No entanto, não há estudos específicos sobre o perfil desses estudantes. 

O coordenador de projetos do movimento Todos pela Educação, Caio Callegari, destacou que houve um aumento preocupante do índice de evasão escolar em todo o País. Entre 2013 e 2014, a porcentagem saltou de 5,1% para 5,4% no período seguinte analisado (entre 2014 e 2015). "Isso é inadmissível, já sob a vigência do Plano Nacional de Educação, em que há uma meta para a universalização do atendimento no ensino médio. No momento em que temos a evasão deixamos de garantir o direito à educação para esses jovens. A gente está perdendo esse aluno e ele muito dificilmente voltará para a escola", apontou. 

Para o pesquisador, é preciso garantir que o jovem se sinta atraído pela escola. "Ele precisa desenvolver o sentimento de pertencimento; de reconhecimento do ambiente escolar e a adrenalina por meio da prática esportiva e de projetos culturais", explicou. Além das atividades em sala de aula, a garantia da segurança nas escolas, melhorias na infraestrutura e a formação e o comprometimento dos professores foram listados por Callegari como ações que poderiam evitar a evasão. 

"No momento em que os jovens saem da escola para entrar no mercado de trabalho, eles entram nesse mercado muito menos preparados e a EJA (Educação de Jovens e Adultos) não vai ter o mesmo nível de qualidade. É necessário fazer um diagnóstico muito mais potente sobre quem são esses alunos. As redes precisam saber quem está saindo da escola para desenvolver ações com mais qualidade e combater o aumento dessas taxas", criticou.

Viviani Costa/Folha de Londrina

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