Nesta segunda-feira, 15, em Paranaguá, ocorreu uma movimentação judicial significativa relacionada a uma possível paralisação nacional. O presidente da Frente Intersindical de Paranaguá, Marcos Ventura Alves, e o diretor de comunicação da entidade, José Eduardo Antunes, explicaram que as principais lideranças sindicais estiveram no Porto de Paranaguá conversando com o presidente Luís Fernando Garcia e o diretor empresarial André Pioli. Eles também estiveram na Câmara de Vereadores e, na semana passada, se reuniram com o prefeito Marcelo Roque.
Em fevereiro passado, os líderes sindicais estiveram em Brasília para uma plenária das três federações, FNE, FNP e Fencovib, para discutir alguns assuntos. Segundo José Eduardo Antunes, nos dias 21 e 22 de fevereiro, em Brasília, mais de 90 dirigentes sindicais de sindicatos de trabalhadores portuários do Brasil se reuniram. Eles decidiram entrar em estado de greve devido à iniciativa do presidente da Câmara, Arthur Lira, de criar a Comissão de Juristas na Câmara Federal.
Eles planejaram se reunir novamente para decidir sobre possíveis medidas em relação à paralisação das atividades portuárias em todo o Brasil. Quando a Comissão foi instalada, em 12 de março, todos os diretores de sindicatos de trabalhadores portuários brasileiros se reuniram virtualmente. Eles decidiram fazer uma paralisação de uma hora em todos os portos nacionais no dia 14 de março.
Apesar da paralisação, eles mantiveram o estado de alerta e de greve. Isso ocorreu devido ao avanço da situação na Câmara dos Deputados e à incapacidade de recompor a Comissão. A Comissão de Juristas, que tem como objetivo alterar a legislação portuária brasileira, é composta por 14 membros, mas apenas um representa os trabalhadores.
“Diante da não aceitação de uma recomposição da Comissão, as federações indicaram mais quatro juristas para fazer parte dela. Até o momento, não houve sinalização do presidente Arthur Lira para alterar a composição da Comissão. Por isso, na semana passada, após uma reunião virtual com os presidentes das três federações e dos sindicatos que compõem as três federações de trabalhadores portuários, decidiram fazer uma paralisação de 6 horas no próximo dia 18, quinta-feira, no período da manhã, das 7 às 13, ou no primeiro turno de trabalho. Essas foram as principais deliberações tiradas na plenária conjunta das três federações”, informa José Antunes.
Marcos Ventura Alves explica que a Intersindical estava trabalhando até que, nesta tarde, entrou uma decisão da Justiça do Trabalho. Esta decisão atendeu a um pedido do Sindop, que é um interdito proibitório, ou seja, a paralisação está proibida sob pena de os sindicatos terem que pagar uma pesada multa.
“Quanto ao que faremos daqui para frente, já tínhamos traçado alguns planos para o dia 18, mas agora sabemos que haverá uma multa pesada. Convidamos as autoridades, a prefeitura, os vereadores e os demais sindicatos para se reunirem conosco no dia 18, pela manhã. Vamos fazer uma manifestação pacífica e entregar material que já elaboramos para informar sobre a exclusividade e prioridade. Isso é o que queremos deixar claro para a população”, diz Marcos Alves.
“Como prefeito e filho de sindicalista, farei questão de estar com vocês nesta manifestação pacífica. É importante a união de todos neste momento. Alguns políticos do Paraná abraçaram essa causa. Em Paranaguá, praticamente 100% dos políticos estão juntos. Nossa Comissão de Portos da Câmara, a Prefeitura e nossa Secretaria estão à disposição da União Sindical neste momento difícil. Vamos trabalhar para que isso não aconteça em todo o país e que a exclusividade seja mantida. Porque é trabalho, é renda. Sempre digo isso, meu pai dizia isso, que a cidade acontece da faixa portuária para os bairros. Se os sindicatos estão bem, a cidade está bem. O comércio ganha com isso, todo mundo ganha. Claro que precisamos abrir novas vagas, sabemos disso, mas a exclusividade deve continuar”, ressalta o prefeito Marcelo Roque.
“Foi importante a presença dos trabalhadores hoje pela manhã no Porto do Paraná. Lá, nos posicionamos e expressamos nosso total apoio ao movimento sindical. Estamos juntos com vocês nessa luta. A importância da exclusividade é imensa, pois nossa cidade tem uma economia portuária. O dinheiro que os trabalhadores ganham no Porto circula em nosso comércio e gera empregos para nossas famílias. Portanto, devemos nos dedicar e lutar muito para que isso permaneça, para que não ocorra a mudança que vem sendo cogitada”, destaca André Pioli, diretor empresarial da Portos Paraná.
Jornalista: Flávia Adans