BUENOS AIRES - Em seu segundo dia de atividades em Buenos Aires, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu estar preocupado pela "crise tão profunda" que vive o Brasil e assegurou que mantém sua posição de aliança com o governo do presidente Michel Temer. Durante os eventos do Foro Parlamentar sobre Relações Internacionais e Diplomacia Parlamentar, presidido pelo presidente do Senado argentino, Federico Pinedo, Maia não desgrudou do celular. O presidente da Câmara mostrou-se tenso e fez questão de negar o que chamou de "especulações criativas", como as que apontaram que ele usaria a Súmula 13 do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe o nepotismo, para que o ministro Moreira Franco não continue no governo.
— Quando se vive uma crise tão profunda como essa cabe especulação de qualquer tipo. Tem algumas que li pela manhã que são muito criativas, mas têm pouca informação — disse Maia a um pequeno grupo de jornalistas.
Perguntado sobre sua expressão de preocupação, o presidente da Câmara foi enfático:
— Se você pensar que o Brasil vive uma crise tão profunda, quem tem responsabilidade com a democracia, com o futuro do Brasil, se falar que não está preocupado vai estar mentindo. É claro que a gente tem preocupação, principalmente na posição que estou hoje. Qualquer movimento que eu faça é interpretado.
E para não deixar dúvidas, frisou:
— Aprendi em casa a ser leal, correto e serei com o presidente Michel Temer sempre.
Maia queixou-se pelo que chamou especulações sobre suas supostas manobras em relação a Moreira Franco.
— O ministro Moreira Franco não é meu sogro, ele é casado com a minha sogra, para você ver o nível de irresponsabilidade de alguns na imprensa brasileira — disse o presidente da Câmara.
Maia negou, ainda, um suposto acordo entre PSDB e DEM para começar a minar a base de apoio a Temer e trabalhar por uma derrota do presidente na Câmara.
— Sou presidente da Câmara, meu partido e eu pessoalmente somos aliados do presidente Michel Temer apesar de toda a crise e eu disse ao presidente de meu partido no primeiro dia da crise que se tivesse de acontecer alguma coisa o DEM deveria ser o último a desembarcar do governo. Vamos aguardar, vamos manter a nossa posição de apoio ao governo — apontou.
E reiterou que "como presidente da Câmara não me cabe fazer defesas na tribuna da Câmara me cabe ser o coordenador das votações do processo da denúncia por isso tenho me mantido afastado do tema".
Perguntado se também "afastado de Temer", o deputado sorriu e disse que "não do Temer e não dos temas do governo que é uma agenda que tira o Brasil dessa profunda crise que nós já vivemos há três anos".
O único momento de descontração de Maia foi quando conversou por telefone sobre a vitória de seu time, o Botafogo. Ao ver que os jornalistas estava ouvindo a conversa, brincou:
— Botafogo, estamos comemorando nossa vitória, esse é o assunto daqui —.
Das Agências