Hoje são seis pessoas sendo atendidas, sendo que uma segue entubada. Equipe clínica está cansada, mas há um esforço coletivo para continuar salvando vidas
PMP

São mais de 24 funcionários entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, pessoal de serviços gerais, administrador farmacêutico e agentes comunitários atuando, diariamente, no Hospital Campanha.

Montado em julho de 2020 pela Prefeitura de Paranaguá, a estrutura está preparada para atender pessoas com sintomas moderados a graves da Covid-19.

No Hospital Campanha há pacientes, inclusive, que necessitaram ser entubados devido ao estado clínico. Por falta de leitos no Hospital Regional do Litoral por vários dias, o Hospital Campanha foi o “respirador” em fases tão complicadas com o aumento de casos com quadro mais complexo da doença.

Até esta terça-feira, dia 6 de abril, nove pacientes estavam sendo atendidos e dois estavam entubados e aguardando transferência para leitos de atendimento de maior complexidade devido às condições clínicas apresentadas. Há cerca de duas semanas, eram 13 pacientes e cinco entubados.

O Hospital Campanha atende a todas as pessoas que apresentam sintomas e hoje já são mais de 9 mil pessoas atendidas no local e milhares delas tiveram alta após a recuperação da Covid-19.

A estrutura que fica anexo ao Centro de Diagnóstico João Paulo II, na Vila Divineia, tem 30 leitos. Ao chegar no Hospital Campanha, as pessoas passam por uma triagem e começam a receber medicação. Alguns são orientados a ficar em casa, enquanto outros precisam permanecer no local.

A diretora da Fundação de Assistência à Saúde de Paranaguá (Fasp), Legiane Bortoli, diz que o trabalho diário tem sido desgastante. “Eu tenho ficado mais no Hospital porque tivemos um aumento enorme de casos e aumento de internação e pessoas entubadas e nossos profissionais estão esgotados. Você vê no olhar deles o cansaço mental. Às vezes a gente chora junto com o familiar, com o paciente. Têm sido dias terríveis, que nós nunca passamos antes”, disse.

As histórias vividas pelos profissionais da Prefeitura são impactantes.

O médico Gabriel Domingues lembra que os pacientes fiquem receosos e aflitos quando o quadro começa a se agravar e pedem para entrar em contato com a família. “É uma situação comum do paciente pedir para entrar em contato com a família quando o quadro se agrava e é um momento bem delicado”, lembrou o médico, confirmando ainda que, geralmente, os pacientes pedem para encaminhar mensagens de carinho, de amor e de cuidado aos familiares. Quando questionado sobre o principal problema que aflige os profissionais da saúde, Dr. Domingues lembra que é se trata da superlotação porque sobrecarrega, tanto o sistema, quanto os profissionais que atuam nos atendimentos.

Outra história foi contada pelo enfermeiro Evandro Aguiar. “Teve uma situação que eu liguei do meu celular, fiz uma chamada de vídeo para que o paciente pudesse falar com a esposa. Ele ficou aliviado e eu fiquei feliz por ajudar”, contou. Ele faz um alerta aos jovens para que evitem festas e aglomeração para que não sejam responsáveis pela disseminação da doença.

Como administrador hospitalar, Leandro Cardoso, tem o papel de dar suporte aos profissionais que atuam no Hospital. Ele acredita que o maior desafio para a equipe é saber lidar com a morte. “Um dia o paciente entra aqui, passa dois dias e o quadro piora mesmo com a equipe fazendo o máximo que pode pra salvar essa vida. Ficamos arrasados, mas em nenhum momento pensamos em desistir dessa luta porque nosso trabalho é de salvar vidas”, lembrou. “Teve momento do paciente saber que o quadro dele estar piorando e ele chegar pra mim e pedir uma oração”, completou.

As declarações destes profissionais somam-se a de outros que atuam diariamente na estrutura de saúde criada, especificamente, para a pandemia. Mesmo vivendo dias difíceis, eles lembram das milhares de pessoas que já foram atendidas por eles e que hoje estão recuperadas.

Casos e cuidados

Hoje são 15.034 casos confirmados de Covid-19 desde o primeiro caso registrado em Paranaguá. Os números registram os 10.898 casos de pessoas recuperadas da doença e, infelizmente, 270 óbitos.

270 pessoas que sentiram os primeiros sintomas como tosse, dor de garganta, cansaço extremo, diarreia, entre outros, tiveram o diagnóstico confirmado da Covid-19, sentiram a angústia e o medo do que o vírus faria em seus organismos e lutaram contra um mal que atinge milhares de pessoas pelo mundo todo.

270 vidas que deixaram filhos, pais, esposas, maridos, netos, amigos, sentindo a angústia de não poder fazer nada.

Mas como enfrentar este mal? Podemos até pensar: Ah, não há o que fazer! Mas, muito pode ser feito.

Já está mais do que provado que manter o distanciamento social, usar máscara e higienizar as mãos ajuda a diminuir os riscos de ser contaminado pelo coronavírus. As autoridades orientam e reforçam outros cuidados como, ao chegar em casa, colocar a roupa usada para lavar, tomar banho e só depois manter contato com algum familiar. São cuidados que estamos cansados de saber, mas que não podemos nos cansar de colocar em prática.

Jornalista: Luciane Chiarelli / SECOM

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