De acordo com as secretarias municipal e estadual de Saúde, sobram vagas para a realização de mamografias pelo SUS
Fotos: Gina Mardones
O Paraná realizou menos exames de mamografia pelo SUS em 2015 em comparação com o ano de 2013. Foi o que apontou um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) que considerou dados do Sistema de Informações Demográficas e Socioeconômicas de Saúde do Departamento de Informática do SUS e do Sistema de Informações Ambulatoriais do Datasus. Em todo o Brasil foram realizadas 2.648.353 de mamografias em 2015 contra 2.525.281 em 2013. No Paraná foram 187.156 em 2015 e 195.928 em 2013, queda de, aproximadamente, 4%, que representa 8.772 exames a menos no Estado. O levantamento considera apenas mulheres com idade entre 50 e 69 anos, faixa etária para a qual o Ministério da Saúde recomenda a realização do exame de rotina quando não há um histórico familiar de câncer de mama.
Segundo o coordenador da Rede Goiana de Pesquisa e Mastologia e presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ruffo de Freitas Junior, os números são referentes apenas as chamadas mamografias de rastreamento. O estudo não considerou os exames de mamografia de diagnóstico realizados quando as pacientes já apresentam sintomas ou sinais de câncer, independentemente da idade.
"No Brasil, houve um aumento no número absoluto de mamografias, mas a população cresceu. Em 2013, o Paraná foi o terceiro melhor Estado em cobertura mamográfica pelo SUS com a realização de exames em quase 33% da população dessa faixa etária. Em 2015, a cobertura caiu para 29%. Isso significa que o número de mulheres que realizaram mamografias pelo SUS foi muito inferior ao que nós esperávamos. Mas, felizmente, uma parte da população, especialmente do Paraná, consegue fazer o exame pelos planos de saúde", pondera.
O presidente da Escola Brasileira de Mastologia, Vinicius Milani Budel, reforça que não há estatísticas referentes à quantidade de exames realizados na rede particular. No entanto, ele lembra que, além da quantidade, também é preciso estar atento à qualidade das mamografias. "É importante que haja um médico interpretador bem qualificado, um mastologista bem treinado para avaliar os tipos de lesão e saber quando indicar uma biópsia, por exemplo", comenta.
Segundo Budel, a qualidade da mamografia depende ainda da manutenção adequada do equipamento e de um técnico de radiologia qualificado. Para os dois especialistas, os resultados do levantamento são preocupantes, já que também não é possível quantificar se, nos últimos anos, mais mulheres se conscientizaram sobre a importância da realização dos exames ou se praticamente as mesmas mantêm as consultas de rotina.
Em nota, o Ministério da Saúde comparou a quantidade de mamografias realizadas no primeiro semestre de 2010 com o mesmo período de 2016. O número saltou de 854 mil para 2,3 milhão, segundo cálculos do governo federal. O balanço se refere à faixa etária dos 50 aos 69 anos. Conforme a nota, 2.560 equipamentos estão em funcionamento em todo o País. No entanto, os mamógrafos geralmente estão disponíveis nos grandes centros.
Viviani Costa/FolhaWeb