Brasília - Depois de mais de um mês de indefinições, o PSDB decidiu manter o senador Tasso Jereissati (CE) como presidente interino do partido.
Irritado com as articulações de Aécio Neves (MG), presidente licenciado da legenda, Tasso chegou a fazer uma carta de demissão no início da semana, mas concordou em aguardar a votação na Câmara sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer para tomar uma decisão.
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Aécio e Tasso se reuniram na manhã dessa quinta-feira (3) para discutir o comando do partido até a convocação de uma convenção nacional, o que deve ocorrer até o fim do ano. Na prática, deixam tudo como está: oficialmente o mineiro segue licenciado do cargo, mas não deixa o papel de líder do partido.
"É [Tasso] quem hoje tem as melhores condições para conduzir a renovação do PSDB e sua reinserção em setores da sociedade", disse Aécio sobre o presidente interino.
Tasso, por sua vez, disse que Aécio segue como "presidente licenciado". Os senadores chegaram a conversar na noite de terça-feira (1º) sobre o tema, mas decidiram aguardar a definição da Câmara. Os deputados decidiram na noite de quarta (2), com 263 votos, barrar a acusação contra o peemedebista. Os tucanos se mostraram divididos sobre a situação de Temer: 22 votaram contra a continuidade das investigações e 21 pelo avanço da denúncia. Outros quatro, na maioria pró-denúncia, se ausentaram da sessão.
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Para o senador mineiro, o racha interno não é um problema. "Aquilo que alguns veem como algo negativo eu vejo como uma grande virtude do PSDB. Não houve nenhuma pressão, nenhuma decisão partidária superior", disse o mineiro.
Desde que Aécio voltou às atividades parlamentares, no fim de junho, após passar mais de 40 dias afastado por decisão judicial, o PSDB vivia uma situação de duplo comando.
Por um lado, Tasso, que assumiu interinamente a presidência da legenda, defendia o desembarque do governo, já Aécio manteve articulações de apoio em relação ao Palácio do Planalto.
Os dois minimizaram o racha do partido em relação ao apoio ao governo. Aécio disse que se trata de uma questão "secundária". "Isso é uma questão secundária para nós, os cargos são do presidente e ele faz o que quiser com os cargos do PSDB", disse.
Durante a entrevista, Tasso se mostrou crítico em relação ao apoio a Temer, mas evitou ser enfático sobre o desembarque. "O que nós não precisamos é de cargos e o presidente da República é livre e deve escolher o que acha que é melhor para seu governo", disse. "Se ele quiser tirar todos os nossos ministérios é problema dele, o partido não faz questão desses ministérios."
CONVENÇÕES
Os senadores disseram que o partido deve redefinir como seu comando até o fim do ano. Pelo calendário apresentado, a legenda começará com as convenções municipais e estaduais e, até dezembro, vai eleger uma nova estrutura do comando nacional do partido. Eles preveem ainda, para esse prazo, o anúncio do pré-candidato às eleições presidenciais de 2018.
Talita Fernandes e Angela Boldrini / Folhapress