Geddel Vieira Lima é acusado de ter pressionado o ministro demissionário Marcelo Calero para liberar empreendimento de luxo em Salvador

Parlamentares do PT e do PCdoB entraram nessa segunda (21) com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) em que pedem a abertura de investigação para a apuração das práticas de crimes de concussão e advocacia administrativa por parte do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. A bancada do PT no Senado apresentará requerimentos de convocação do ministro Geddel às comissões de Constituição e Justiça, Fiscalização e Controle e Educação, bem como ao plenário da Casa, para que ele explique as acusações que lhe foram imputadas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Requerimentos de convite ao ex-ministro Calero serão apresentados nas mesmas comissões e também no plenário. 

Calero se demitiu na última sexta-feira (18). De acordo com Calero, o motivo foi a pressão que sofreu do titular da Secretaria de Governo para liberar um empreendimento imobiliário de luxo em Salvador no qual Geddel tinha comprado um apartamento. Geddel nega as acusações. 

COMISSÃO DE ÉTICA 

Em outra frente, o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Mauro Menezes, disse que o conselheiro José Saraiva, que havia pedido vista no processo que investigará o ministro Geddel Vieira Lima mudou de ideia e que o processo foi aberto "por unanimidade". Segundo Menezes, o conselheiro disse que não queria atrapalhar o processo e "em um gesto de boa vontade" acatou a abertura. Com o pedido de vista suspenso, o último conselheiro também votou pela abertura do processo. Menezes disse que recebeu uma ligação de Geddel durante a reunião do colegiado e confirmou que o ministro pediu celeridade no caso. "O ministro Geddel mostrou boa vontade para responder com máxima rapidez à comissão", disse. 

Segundo o presidente do colegiado, Geddel já foi informado da decisão e deve ser notificado "agora mesmo". "O ministro terá dez dias para se manifestar perante a comissão", disse Menezes, afirmando que disse a Geddel que ele terá todas as condições para ser ouvido e negou pressão por parte do ministro. 

Saraiva foi indicado pelo próprio Geddel para o cargo e tomou posse em setembro deste ano, já na gestão de Michel Temer, mas sua nomeação foi assinada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que estava no exercício da Presidência, após pedido do ministro Geddel, que é seu amigo. 

Questionado se poderia haver algum tipo de suspeição na conduta de Saraiva, Menezes afirmou que tem "confiança que conselheiros agem com absoluta autonomia". Ele mencionou ainda que o relator do caso será designado até a terça-feira. 

(Colaboraram Carla Araújo e Tânia Monteiro/AE)

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