No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, a TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, traz algumas histórias de mulheres que conquistaram espaço em um ambiente predominantemente masculino. Para além da ideia de "mulher guerreira", a trajetória dessas funcionárias evidencia que ser mulher na operação portuária é um caminho de coragem, perseverança e superação.
Iris Ferrucy Scremim, por exemplo, é operadora de Caminhões de Transporte (CT), mas sua trajetória até alcançar esse cargo exigiu que superasse não apenas os desafios de gênero, como também os de oportunidade. Esposa de caminhoneiro, trabalhou por muitos anos em um posto de gasolina, abastecendo os caminhões que secretamente ansiava dirigir. Foi quando uma funcionária da TCP, ao parar para abastecer, percebeu sua paixão e a encorajou: “Já que você gosta de caminhão, por que não tira a carteira e tenta?”.
Esse encorajamento, vindo de outra mulher, a incentivou a tirar a habilitação e começar a trabalhar transportando cargas. Algum tempo depois, novamente por incentivo, candidatou-se para trabalhar dentro do Terminal. “Eu sempre observava as outras mulheres dirigindo aqueles caminhões CT e ficava encantada. Enviei meu currículo e, seis meses depois, fui chamada”, relembra. Agora, segue determinada a crescer ainda mais na empresa. “Todos temos o desejo de evoluir, e comigo não é diferente. Estou construindo minha trajetória para futuras oportunidades”, afirma.
Assim como Íris, Adricelly Pivato Honorio sempre buscou ir além. Sua trajetória na TCP começou em 2013, quando conquistou a única vaga disponível para operadora de empilhadeira de grande porte (RS), superando dois concorrentes homens no teste. Mas, durante os sete anos que ficou na mesma função, passou a admirar os guindastes pórticos (RTGs), essenciais para a movimentação de contêineres no terminal. "O RTG é um equipamento que todos na operação querem conhecer. Quando eu ainda estava no RS, pensava: um dia quero estar lá em cima", relembra.
A oportunidade veio por meio da indicação de seu supervisor, e Adricelly não hesitou em agarrá-la. "A empresa dá oportunidades para quem se dedica, independentemente do sexo. Eu me esforcei e, quando chegou minha vez, fui sem olhar para trás", conta. Para assumir a nova posição, passou por treinamentos, cursos e testes, e enfrentou o medo de altura. "Antes, eu trabalhava no chão olhando para cima. No RTG, tudo se inverteu: agora, estou lá em cima, olhando para baixo. No início, foi assustador, mas hoje faz parte do meu dia a dia." Agora, seu olhar já está voltado para o próximo passo: operar o portêiner (STS), o único equipamento do Terminal que ainda não tem mulheres no comando.
Histórias como a de Iris e a de Adricelly são cada vez mais comuns na TCP. Em 2024, o número de mulheres na empresa aumentou 20%, alcançando 364 colaboradoras. Esse avanço também se reflete nos cargos operacionais, que mais que dobraram nos últimos cinco anos, passando de 42 para 113, alta de 169%. Já o número de operadoras de CT e TR cresceu de 11 para 32 nesse período, um aumento de 191%.
"A presença feminina na operação portuária ainda é baixa em todo o setor logístico, e na TCP, as mulheres representam 10% dos cargos operacionais. Esse cenário vem mudando nos últimos anos, e temos trabalhado para acelerar ainda mais essa transformação, ampliando oportunidades especialmente em áreas historicamente ocupadas por homens, como as funções de operadora de RTG, CT e empilhadeira", afirma Washington Renan Bohnn, gerente de Recursos Humanos e Qualidade da TCP.
TCP inicia 2025 com 35 mulheres em cargos de liderança
A atuação das mulheres em posições de liderança vem ganhando força: em 2024, o número de gestoras chegou a 35, quase o dobro do registrado em 2014 — um crescimento de 94% em 10 anos. Hoje, a equipe de liderança feminina da empresa conta com 4 gerentes, 15 coordenadoras, 9 supervisoras e 7 líderes. Além disso, em cargos administrativos, as mulheres ocupam 47% dos postos de trabalho. Já a área de planejamento e controle de operações (Planning & Control) também teve um avanço expressivo, com a chegada de 21 novas profissionais em 2024.
Lígia da Luz Fontes Bahr, gerente de suprimentos da TCP, é um exemplo de liderança nata: ingressou na empresa como trainee, passou por diferentes setores até assumir a liderança de quase 30 colaboradores, gerenciando processos que vão desde a reposição de estoque até a compra de equipamentos estratégicos para a operação.
Ao fim de 2024, a TCP alcançou a marca de 35 mulheres em cargos de liderança, quase o dobro do registrado 10 anos atrás.
Para ela, a qualificação é essencial para ampliar a presença feminina no setor portuário. "O conhecimento é algo que ninguém pode tirar de nós. O setor portuário oferece inúmeras oportunidades para quem busca se qualificar e tem determinação. Na TCP, há profissionais de diversas formações, de técnicas de segurança e logística a engenheiras e administradoras. O importante é buscar aprendizado constante e não temer desafios", orienta.
Neste aspecto, Bohnn destaca que a empresa tem trabalhado para transformar a cultura organizacional e fomentar a diversidade em todos os níveis. “Investir na participação feminina fortalece não apenas a empresa, mas todo o setor logístico. Por isso, nossas ações vão além do aumento nos números e incluem iniciativas concretas de qualificação, como treinamentos e capacitações para que mais mulheres tenham acesso e preparação para atuar na operação portuária. O objetivo é promover mudanças estruturais que garantam o avanço contínuo da equidade em todos os setores”, finaliza Bohnn.