O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, teria procurado o presidente Michel Temer para colocar seu cargo à disposição. Segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo, o motivo de Maggi seria a inclusão de seu nome na Lava-Jato, mas Temer teria recusado o pedido.
O jornal diz, ainda, que o ministro se considera injustiçado pela acusação de ter recebido R$ 12 milhões da Odebrecht na campanha para o governo de Mato Grosso, em 2006, e quis deixar o presidente à vontade para retirá-lo do posto.
Temer não aceitou o pedido, dizendo que confia na inocência e capacidade de Maggi. O ministro, então, teria aceitado permanecer no primeiro escalão.
O pedido de investigação determinado pelo ministro Edson Fachin foi tomado após análise de pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Blairo Maggi foi citado pelos delatores João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Leão Neto. Segundo eles, o ministro foi favorecido com um repasse de R$ 12 milhões em sua campanha ao governo estadual do Mato Grosso em 2006.
De acordo com o despacho de Fachin, os pagamentos foram feitos por meio do Setor de Operações Estruturadas, o chamado departamento de propina. Maggi recebeu o dinheiro sob o codinome de Caldo.
Os colaboradores contaram que os repasses foram feitos para facilitar o pagamento de dívidas que os Estados não conseguiam honrar com a Odebrecht em razão da crise financeira. Os créditos pendentes se referiam a obras públicas feitas em anos anteriores.
No Mato Grosso, delatores contaram que o agente público Éder de Moraes Dias pediu propina para acelerar o trabalho da comissão e facilitar o pagamento dos créditos à empreiteira. Os valores seriam repassados a pretexto de contribuição eleitoral em favor da campanha de reeleição de Maggi.
O ministro Maggi se pronunciou quando Fachin determinou a investigação dizendo que lamenta por seu nome estar incluído na lista, "sem que ele tivesse qualquer possibilidade de acesso ao conteúdo para me defender."
"Me causa grande constrangimento ter minha honra e dignidade maculadas, numa situação na qual não sei sequer do que sou acusado. Mesmo assim, gostaria de esclarecer que: 1. Não recebi doações da Odebrecht para minhas campanhas eleitorais. 2. Não tenho ou tive qualquer relação com a empresa ou os seus dirigentes. 3. Tenho minha consciência tranquila de que nada fiz de errado", completou Maggi.
Escolhido para assumir o Ministério da Agricultura por Temer em maio do ano passado, o então senador Blairo Maggi, conhecido como "rei da soja", já foi governador de Mato Grosso por duas gestões (de 2003 a 2010). Filiado ao PP para poder assumir o cargo, ele nasceu em Torres no litoral gaúcho, mas foi no Estado do Centro-Oeste que ficou conhecido nacional e internacionalmente.
com ZH