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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que a crise com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é página virada e que da sua parte não há qualquer problema com o parlamentar, com quem vinha trocando farpas pela imprensa nas últimas semanas.

“Para mim isso foi uma chuva de verão e agora o céu está lindo. O Brasil está acima de nós”, disse Bolsonaro a jornalistas ao fim de uma cerimônia em que recebeu a Ordem do Mérito Judiciário Militar. “Da minha parte não tem problema nenhum. Vamos em frente. Página virada.”

Bolsonaro afirmou também que conversou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e que o governo continua trabalhando para aprovar a reforma da Previdência.

“A reforma não é só para mim, para o meu governo, é para o Brasil”, disse.

Na quarta-feira, depois de uma tentativa inicial de trégua, Bolsonaro voltou a dizer que Maia estava “abalado” por questões familiares, referindo-se à prisão do ex-ministro Moreira Franco, que é padrasto da mulher de Maia. O presidente da Câmara respondeu que Bolsonaro estava “brincando de ser presidente” e os ânimos se exaltaram novamente.

Ao final do dia, depois de o dólar ter se aproximado de 4 reais, o presidente da Câmara decidiu acenar com uma nova trégua. Em entrevista, disse que os dois, ele e Bolsonaro, tinham que parar com os atritos, e que para ele o assunto não existia mais.

1964

Bolsonaro defendeu, mais uma vez, sua decisão de incentivar a comemoração do golpe militar de 1964 nos quartéis, mas negou que seja uma celebração.

“Não foi para comemorar, foi para rever, ver o que está errado, o que está certo, e usar isso para o bem do Brasil no futuro”, amenizou o presidente.

Bolsonaro comparou com um casamento em que os esposos brigam, decidem se perdoar e não tocar mais no assunto que causou o desentendimento.

“É para não voltar naquele assunto do passado que houve aquele mal entendido entre nós. A lei da anistia está aí, valeu para todos. Vamos respeitar para todo mundo e não se toca mais no assunto, ponto final”, defendeu.

EDUCAÇÃO

Bolsonaro negou que tenha exonerado o ministro da Educação, Ricardo Vélez, dizendo que jamais demitiria alguém por telefone. Reconheceu, no entanto, que há problemas nesse ministério e que irá conversar com o ministro para acertar a situação.

“Tem problemas, ele é novo no assunto, não tem o tato político. Vou conversar com ele e tomar as decisões que tiver que tomar”, disse Bolsonaro, que se recusou a explicar se o ministro poderia ser realmente demitido. “Não vou ameaçar nenhum ministro publicamente”, respondeu.

Desde o primeiro mês de governo, o MEC vive um clima de disputas internas que já levou à saída de pelo menos 13 pessoas. Uma das mais recentes baixas foi a do presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep), Marcus Vinícius Rodrigues.

Em entrevista à TV Globo, depois de deixar o cargo, Rodrigues chegou a dizer que o ministério “vive uma incompetência geral muito grande”.

Por Lisandra Paraguassu - Reuters

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