Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde e companheiro de partido de Paulo Maluf, preso desde o dia 20 de dezembro, criticou a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, que determinou o cumprimento da pena do deputado, em regime fechado, às vésperas do recesso judiciário.
“O processo dele [Maluf] já estava lá há seis meses para dar esse despacho. Vai dar o despacho na boca do recesso do Judiciário para o cara ficar pendurado. Todo mundo é inteligente, sabe pensar, sabe fazer conta. Eu acho que isso não é correto, não é adequado. A Justiça não está aí para fazer efeito político das coisas", considerou.
Maluf foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão, pelo crime de lavagem de dinheiro.
Defendendo a tese de que o Supremo faz "jogo político", o ministro ainda citou as prisões do deputado cassado Eduardo Cunha e do ex-ministro Geddel Vieira Lima. "Ah, vai votar abuso do Judiciário? Prende Eduardo Cunha. Aí vai votar de novo o abuso do Judiciário, costuram os líderes? Prende o Geddel. Eles fazem um jogo muito claro de ação política sobre as decisões do Congresso, ficam constrangendo, ameaçando”, criticou.
+ Salário mínimo de R$ 954 entra em vigor
Sobre a possibilidade de expulsão de Maluf dos quadros do PP, Barros disse não acreditar. "A última vez que nosso partido quis expulsar alguém, que eu me lembre, foi o deputado Sergio Naia. Maluf era o presidente PP, ele convocou a Executiva e expulsou. Mas, desde então, a gente não mexe com isso. Não sei, eu sou só o tesoureiro. Precisa falar com Ciro Nogueira, que é o presidente do partido", disse.
Em entrevista ao blog da Andréia Sadi, do portal G1, o ministro ainda defendeu as posições do ministro Gilmar Mendes. "Como diz o ministro Gilmar Mendes, a condução coercitiva e as prisões temporárias viraram uma coisa com uso inadequado e exagerado. Se você se lembrar de uns 6 anos atrás, deu uma onda de prender empresário, todo mundo ia preso. E nunca aconteceu nada", afirmou. "Não é possível manter pessoas presas sem serem acusadas, temos pessoas há meses presas sem serem acusadas. É uma tortura, uma ação evidente de coação à pessoa que está lá envolvida para forçar uma delação. Agora nós estamos conseguindo decisões boas de que a palavra só do delator não vale. Porque o cara, para sair da cadeia, fala qualquer coisa", completou.
Para Ricardo Barros, hoje em dia, qualquer ordenador de despesas públicas está sujeito à prisão, "sem qualquer motivo, sem razão específica". "Todos estamos sujeitos ao linchamento moral que depois não se confirma. O cara vai preso, o neto está na escola, a filha na faculdade. Eles não têm noção do estrago que provocam por uma prisão absolutamente desnecessária. Se a pessoa tem direito a ficar em silêncio, do que adianta fazer a condução coercitiva dele? É uma coisa idiota, que não soma nada no processo, juridicamente não se agrega nada. Só constrange. Eu sou crítico feroz do Ministério Público e do Judiciário. Quando fui relator do Orçamento, passei a tesoura nesses excessos: R$ 6 mil de auxílio-moradia para quem mora na casa própria? Esses caras estão gozando a gente", destacou.
Ao ser questionado sobre as condenações impostas a muitos dos políticos que foram alvo das ações criticadas por ele, Barros disse não estar "achando ruim". "Precisa responder. Pagar pelo que fez. Mas dentro da lei, igual para todos. Usar a lei igual para político e empresário como é para todos. Mas não é correto fazer condução coercitiva de alguém que tem visibilidade sabendo que isso não vai somar nada. Não mandam buscar qualquer um na coercitiva".
das Agências