Recomendação de economista é pesquisar e negociar antes de fechar a compra.
Preços de artigos de papelaria variam 13,3% enquanto índice oficial fica em 5,9% de janeiro a novembro

Os pais precisarão pesquisar e pechinchar muito ao comprar os materiais escolares dos filhos para 2017, já que a variação de preços de materiais escolares ultrapassa o dobro da inflação oficial nos 11 primeiros meses deste ano. A alta foi de 11,98% para o item caderno e de 13,36% para artigos de papelaria, enquanto a média do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), ficou em 5,97% no mesmo período. 

Somente livros tiveram variação mais baixa, de 4,32%, conforme o IBGE. Para tentar economizar, o consumidor pode fazer a pesquisa nas lojas físicas, enviar a lista por e-mail aos vendedores e negociar orçamentos ou comparar com preços na internet. Existem sites que permitem a pesquisa de preços entre lojas e a comparação de valores por até um ano, como o Buscapé, o JáCotei e o Zoom. 

Na cotação até o último dia 20 pelo Buscapé, a caneta esferográfica de duas cores da marca mais comum, vendida em janeiro por R$ 6, custava R$ 6,90 desde julho. A diferença para o preço do início do ano é de 15%. No caso da caixa com 24 cores de lápis de cor também de marca comum, o menor custo em janeiro era de R$ 18,80, chegou a ficar R$ 14,80 no mês seguinte e subiu para R$ 23,10 a partir de julho. A variação é de 22,8% para o primeiro mês de 2016. 

O delegado do Conselho Regional de Economia (Corecon), Laércio Rodrigues de Oliveira, afirma que muitos produtos tem matéria-prima importada ou cotada em dólar, como papel e tintas, mas que a diferença não poderia ser tão grande para a média da inflação. "A demanda em janeiro aumenta muito e os lojistas começaram a aumentar os preços antecipadamente", diz. Essa alta não é normal, mas o mercado é livre", completa. 

Além de pesquisar e negociar, o economista dá dicas para gastar menos, como evitar levar as crianças na hora da compra. "Elas vão preferir o material que tiver o personagem da TV do qual gostam, por exemplo, e esses são sempre bem mais caros", conta. Fugir de marcas também é uma boa, já que é possível encontrar uma caixa com os mesmos 24 lápis de cor da citada anteriormente, mas sem "grife" e por menos de R$ 8. 

Oliveira considera que os gerentes de lojas estão preparados para negociar descontos dentro da margem de lucro deles, principalmente em listas grandes. "O ideal seria que se formassem grupos de pais, como se fosse uma cooperativa, para fechar uma compra maior e conseguir um desconto bom", completa. 

Diferenças 

A orientadora educacional Samira Ohara tem duas filhas, de 12 e de 15 anos, e conta que já teve bastante trabalho para conseguir adequar as compras ao orçamento no passado. "Quando elas eram menores, estudavam em escola particular e eu pesquisava muito, porque a lista de produtos era grande. Agora elas cresceram e estão na rede pública, então só preciso comprar lápis, caneta e um caderno de dez matérias", diz. Como são poucos produtos, já que mesmo os livros são fornecidos pela instituição de ensino, Samira afirma que deixa as adolescentes escolherem o material. 

Para a funcionária pública Fernanda Galão Vicente, porém, o gasto com os filhos de 6 e de 8 anos é grande. "Quando renovo a matrícula, a escola dá uma lista e até indica uma papelaria. Eu vejo os preços nessa papelaria, comparo com orçamentos de outras e ainda vou ao atacado para ver se está mais barato", conta. Outra tática usada por Fernanda é adquirir produtos antes da virada do ano. "Comprei as mochilas em novembro para pegar os modelos antigos, porque depois mudam os personagens e aumenta o preço", diz.

Fábio Galiotto

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