O Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo, com 221 unidades e 186 postos de coleta, segundo o Ministério da Saúde. Apesar da estrutura e das mobilizações, o número de doações ainda é baixo e a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano consegue suprir cerca de 60% da demanda para os recém-nascidos prematuros e de baixo peso internados em Unidades de Terapia Intensiva neonatais do País.
Para ampliar a conscientização sobre a importância da doação de leite humano e incentivar a prática, o ministério lançou nesta terça-feira (16) a campanha Doe Leite Materno de 2017, em parceria com a rede de bancos de leite.
"Nada é mais presente do que o senso de solidariedade de uma mãe que amamenta seu bebê. Se as mães não realizam a doação como a gente precisa, em verdade, é porque nós estamos sendo muito ineficazes no processo de comunicação com essas mães", disse o coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, João Aprígio.
A amamentação é o principal fator de redução da mortalidade infantil, pois diminui a ocorrência de diarreias e infecções, principais causas de morte em recém-nascidos. Estima-se que o aleitamento materno reduza em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos por causas preveníveis.
No Brasil, nascem cerca de 3 milhões de bebês por ano e 14% deles são prematuros ou têm baixo peso (menos que 2,5 quilos). Desenvolvida há 32 anos, a estratégia de bancos de leite beneficiou, entre 2009 e 2016, mais de 1,8 milhão de recém-nascidos e contou com 1,3 milhão de doadoras.
O Brasil tem acordos de cooperação e exporta técnicas de baixo custo utilizadas na implantação de bancos de leite em 24 países. Segundo o Ministério da Saúde, em 2001, a Organização Mundial da Saúde reconheceu a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano como uma das ações que mais contribuíram para a queda da mortalidade infantil no mundo na década de 1990. De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu 70,5%.
A doação de leite humano também representa uma economia de R$ 180 milhões com a redução da necessidade de compra de fórmulas artificiais nas maternidades do SUS.
Brasília é a única cidade no mundo que tem autossuficiência em leite humano. Para a coordenadora dos bancos de leite do Distrito Federal, Miriam Santos, primeiro é preciso conscientizar as mães de que o leite que ela tira não vai faltar para o seu bebê e, depois, que qualquer quantidade é suficiente. "Um pote (300 ml) pode alimentar até 10 crianças."
Agência Brasil