Desde que chegou à superintendência da Policia da Federal, no último dia 7, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou a rotina da corporação e também dos moradores das áreas próximas. Até mesmo um acampamento foi montado por militantes, que passam dia e noite no local, em apoio ao ex-presidente. A eles ainda somam-se os jornalistas nacionais e internacionais que trabalham na cobertura do caso.
Todas as mudanças e transtornos levaram policiais federais a enviarem um ofício "urgente" à juíza Carolina Lebbos, da execução penal, pedindo a transferência do petista. Eles ainda citam os altos gastos para mantê-lo na carceragem.
"Tem-se uma perspectiva de gastos de aproximadamente R$ 300 mil" no mês com diárias de policiais, passagens e deslocamentos de pessoal de outras unidades para reforçar a segurança da superintendência, diz o documento, de acordo com informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Antes, os policiais já haviam procurado o juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância e pela ordem de prisão de Lula, para pedir que o ex-presidente fosse transferido a outra unidade prisional, de preferência fora do perímetro urbano.
Na ocasião, no entanto, Moro manifestou disposição em deixá-lo onde está por mais um tempo. Mas uma mudança não está descartada.
Já o diretor do Departamento Penitenciário do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo Moura, ainda segundo a Folha, chegou a se pronunciar sobre o assunto e disse que o sistema está pronto para receber o ex-presidente. Afirmou, ainda, que há um lugar já reservado para Lula, no Complexo Médico Penal em Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR).
Lá já estão presos da Lava Jato, a exemplo do deputado cassado Eduardo Cunha e do ex-tesoureiro João Vaccari Neto.
No ofício enviado a Carolina Lebbos, os policiais também afirmam temer a proximidade do 1º de Maio, Dia do Trabalhador. "Diante da circunstância da prisão do ex-presidente da República, todos os movimentos sociais e de trabalhadores estão se organizando para trazer para Curitiba o evento principal do feriado. Em informações preliminares fala-se em uma concentração de até 50 mil pessoas".
Alegam ainda que as instalações da PF não são adequadas para um preso nas condições de Lula e que a sala em que ele se encontra não é apropriada "para a longa permanência de pessoas alojadas", tendo sido improvisada.
"As dependências da custódia de presos da unidade são muito limitadas e não se destinam à execução de penas ou mesmo à permanência regular de presos", afirmam.
Além disso, reclamam dos "reiterados pedidos de visitas" a Lula, o que alteraria a rotina do órgão, dificultando o seu funcionamento.
A defesa tem prazo para se manifestar sobre o pedido.