No próximo domingo (03), às 18h, o Teatro Rachel Costa, mantido pela Prefeitura de Paranaguá através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secultur), receberá em seu palco o espetáculo "Murro em Ponta de Faca", que aborda sobre a ditadura militar e que está sendo apresentado em Paranaguá e em outros dez municípios desde o dia 18 de agosto, encerrando o seu cartaz no Litoral. A peça é um texto de Augusto Boal, com direção de Paulo José, ator renomado nacionalmente, e elenco de Curitiba, escrito em 1974 por Augusto Boal (1931-2009) durante seu exílio político e apresentado pela primeira vez no Brasil em 1978, em São Paulo, com a direção do próprio Paulo José, somando-se à luta pela redemocratização do Brasil.
"É uma honra para o Teatro Rachel Costa receber uma peça deste porte, que está alcançando todo o Paraná com um texto que foca a importância da democracia e conta um pouco do que foi a ditadura militar no Brasil", afirma o secretário de Cultura e Turismo, Harrison Camargo, o "Canela". "O teatro é da sociedade parnanguara e a utilização deste espaço para peças que contam a nossa história é algo que enriquece a cultura do nosso povo. Estamos à disposição da sociedade e de lideranças culturais locais e paranaenses, pois o espaço é público e aberto para trazer cada vez mais peças e outras apresentações culturais", completa o diretor do teatro, Tino Zella.
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A peça que virá a Paranaguá será encenada trinta anos após a sua primeira montagem. "A nova temporada relembra a saga escrita durante a ditadura militar por um exilado (o próprio Boal) contando sua história após ser preso, torturado e obrigado a sair do país. Um relato sobre a Ditadura no Brasil e na América Latina em abordagem histórica e pertinente montagem pois, passados mais de 50 anos do Golpe Militar, o Brasil, continua réu na Corte Internacional dos Direitos Humanos pelos mortos e desaparecidos no Araguaia. Murro em Ponta de Faca conta a trajetória de três casais de brasileiros exilados – burgueses, operários e intelectuais – e obrigados a conviver no mesmo espaço físico. E, a despeito das diferenças, descobrem-se ligados por um sentimento comum: não pertencem a lugar nenhum, vivem em um tempo suspenso", explica a assessoria da peça.
“Boal costumava manter certa distância em relação aos seus personagens, um olhar irônico. Mas, aqui, é como se ele se identificasse, tivesse uma afetividade por eles. É um texto sobre exilados escrito por alguém que também estava no exílio”, comenta Paulo José, garantindo que em Paranaguá será encenado o texto original da obra. "Hoje ainda observamos, mundo afora, muitas pessoas sem Pátria, sem porto, sem identidade, claro que em outro contexto, mas nem por isso menos exiladas”, explica, destacando que a obra será repassada aos cidadãos com linguagem coloquial e contemporânea.
SECOM