Delcídio do Amaral afirmou em delação premiada que teve a informação de que o deputado federal e ex-secretário de Segurança do Paraná Fernando Francischini (SD) fazia parte de um grupo de parlamentares que pedia dinheiro para barrar requerimentos de convocação de empresário na CPI da Petrobras.
O deputado nega as acusações. Afirma que o senador mentiu e que usou a delação para se vingar. (Veja a nota do deputado no fim da reportagem)
A delação premiada do senador afastado do PT ocorre no âmbito da Operação Lava Jato e foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (15).
Delcídio foi preso pela Polícia Federal (PF), acusado de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Em uma gravação, ele oferece R$ 50 mil mensais à família de Nestor Cerveró para tentar convencer o ex-diretor da Petrobras a não fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
O senador deixou a prisão com um habeas corpus concedido pelo ministro Teori Zavascki, do STF, em fevereiro deste ano. Conforme a ordem judicial, ele deverá cumprir uma série de exigências, mas poderá manter o mandato, a menos que seja cassado. Ao todo, ele cumpriu 87 dias de prisão preventiva.
De acordo com o senador, o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro coordenou uma espécie de força-tarefa para blindar os empresários.
Ainda conforme o relato de Delcídio, eram realizadas reuniões entre empresário e membros na CPI, normalmente, às segundas-feiras.
“(...) Nessas reuniões, os parlamentares pediam dinheiro para os empresários em troca da derrubada dos requerimentos; que conversou com Ricardo Pessoa sobre esse tema e o mesmo narrou ao depoente esses fatos e se mostrou 'revoltado' com o pedido de dinheiro”, diz trecho da delação.
Este termo da colaboração foi denominado de “Pedágio cobrado na CPMI da Petrobras”.
O senador afirmou à Procuradoria Geral da República que os deputados falavam que precisavam de dinheiro para a campanha e que os valores eram pagos em espécie e “por fora”. Isso significa sem declaração na Justiça Eleitoral.
Delcídio afirma que não compareceu à reunião alguma porque não integrava a CPI e que pelas informações que teve participaram da reunião os parlamentares Marcos Maia, Fernando Francischini, Vital do Rego e Gim Argelo.
Ainda conforme dito pelo senador, os nomes foram mencionados por Julio Camargo e Ricardo Pessoa – ambos são delatores da Operação Lava Jato e já têm condenação. Julio Camargo é ex-consultor da Toyo Setal, e Ricardo Pessoa é dono da empreiteira UTC.
Além de Léo Pinheiro, Delcídio também diz que participaram das reuniões os empresários José Antunes Sobrinho da Engevix.
Em oficio encaminhado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também enviado para a imprensa, o deputado afirma que o senador mentiu “escancaradamente” quando o mencionou.
Disse que nunca esteve em Brasília em segundas-feiras nos últimos cinco anos. O deputado ainda negou ter tido contato com investigados. Francischini declarou também que apresentou inúmeras convocações e denúncias contra Delcídio e que o senador usou a delação para se vingar.
Deputado foi secretário no Paraná
Francischini ficou no comando da Secretaria de Segurança Pública do Paraná por quatro meses. Ele saiu do governo Beto Richa (PSDB) em meio à crise envolvendo a Polícia Militar (PM) que entrou em confronto com os professores, deixando mais de 200 pessoas feridas em Curitiba no dia 29 de abril de 2015. De acordo com o governo estadual, Franscischini pediu demissão.
O governador do Paraná e outras cinco pessoas, entre elas Francischini, foram notificados pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por atos de improbidade administrativa, devido ao confronto.
G1