O repórter Leandro Mazzini divulgou na quarta (3) o áudio que atesta que o chefe de gabinete do deputado federal Marco Feliciano (PSC) foi enviado à jovem que denunciou assédio sexual e tentativa de estupro por parte do pastor ao UOL. A jovem, de 22 anos, teria se aproximado de Feliciano por conta de sua militância no mundo evangélico e no PSC. Ela também diz na gravação que era jornalista na Câmara e que o pastor usou disso para "atraí-la".
Há alguns dias, Feliciano teria convocado a moça para uma reunião em seu apartamento funcional em Brasília, com a desculpa de que haveria um debate sobre a UNE. A jovem relatou que ao chegar ao local, não havia ninguém. Feliciano aproveitou o momento para lhe oferecer cargo dentro do partido em troca dela se tornar sua amante. Diante da negativa da jovem, o deputado teria partido para a agressão e, depois, tentado arrastá-la para o quarto. Ambos foram interrompidos por uma mulher que tocou a campanhia do apartamento, incomodada com o barulho.
Na gravação, o assessor Talma Bauer tenta criar intimidade com a jovem, falando de sua família e ativismo religioso. A moça relata o que aconteceu com Feliciano e diz que tem provas das agressões, incluindo mensagens de textos publicadas pelo UOL, nas quais o deputado não nega que a machucou ou que a queria em sua cama porque ela é muito bonita e "a carne é franca".
A jovem diz que "todo o partido sabe" do episódio, que contou para familiares e outros pastores, mas que tem não buscou a polícia ainda por não querer envergonhar a Igreja. Bauer pede para a garota colocar "uma pedra" sobre o assunto, perdoar Feliciano, aceitar as "desculpas em nome da família" e ficar calma, porque qualquer dano à imagem dela seria reparado por ele.
“Ele não me deixou sair e fez coisas à força”, diz mulher em áudio sobre Feliciano
Da Revista Fórum
Depois que uma jovem de 22 anos acusou o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) de agressão e tentativa de estupro, o fato ganhou repercussão em todo o país. Ela divulgou conversas do WhatsApp com o parlamentar, em que teria sido ameaçada para não revelar a história.
De acordo com o repórter Leandro Mazzini, do UOL, que acompanhou o caso, a mulher saiu de Brasília depois da denúncia, retirou sua página do Facebook do ar, tem se mantido isolada e vem sendo orientada por assessores ligados a Feliciano. Desde então, mudou sua versão sobre o episódio e negou ter sofrido violência.
No entanto, em uma gravação obtida com exclusividade pelo jornalista, ela pede ajuda ao chefe de gabinete do deputado, Talma Bauer. No áudio, ela detalha as situações de assédio. “Se vale um conselho, manda o Feliciano aquietar o pintinho dele, guardar o pintinho dele”, disse.
“Ele não me deixou sair (do apartamento), fez coisas à força, eu tenho a mensagem dele: ‘Feliciano, a minha boca ficou roxa’. Ele ri’”, contou. “Você está fazendo um bem, de você perdoar, e posso pedir para você por uma pedra em cima?”, teria sugerido Bauer.
Entenda o caso
A militante do PSC, que frequenta a mesma igreja que o pastor-deputado, afirmou que recebeu uma proposta para ser amante de Marco Feliciano. Ela disse que vinha sendo assediada e, ao negar as investidas, foi agredida no apartamento funcional do parlamentar, em Brasília, no dia 15 de junho. A jovem relatou ter levado um soco e que o parlamentar tentou puxá-la pelo braço para a suíte dele.
Ouça a gravação abaixo e, em seguida, confira parte da transcrição da conversa
Homem – Sou chefe de gabinete do Feliciano, sou um conselheiro dele. Eu pediria a você para dirimir qualquer dúvida.
Mulher – Se você conhece o Marco Feliciano e trabalha com ele, você com certeza deve saber da conduta dele, da índole dele. Não sejamos hipócritas. Não estou aqui para ganhar nada de ninguém. você não é a primeira pessoa que me procurou.
(..)
Conheci o Feliciano dentro da Câmara. Ele simplesmente chega nas pessoas e usa o que ele tem. Todo mundo erra, mas uma coisa é você ser hipócrita.. eu só perco e me exponho, eu não sou uma menina burra. Eu tenho provas, tenho conversas, que saíram do telefone dele.
Homem – Sim, eu etendo. Você se sentiu prejudicada.
Mulher – Lógico que me senti.
Homem – Qual o dano que te causou?
Mulher – Moral. Ele falou para muita gente. (..) Eu me considero uma pessoa honesta, e não estou mentindo.
Homem – É.., quando a gente conversa assim olho no olho a gente não mente.
Mulher – Eu não tô aqui para falar de você. Tô aqui para falar do Feliciano. (..) Ele usou de um cargo público para se aproximar, tenho provas, são provas concretas, com base. Não quero prejudicar ninguém, mas não quero sair prejudicada.
Homem – Eu tô com você em gênero, número e grau.
Mulher – A primeira coisa que não tô mentindo é que procurei pastores, não tô mentindo, se estivesse mentindo não chegaria aonde eu cheguei. O que coloco é o seguinte: Marco Feliciano errou, Marco Feliciano continua errando. O senhor está com ele há quantos anos?
Homem – Quinze anos.
Mulher – Então o senhor sabe o que ele faz. Eu estou falando em questão de mulheres. Custo acreditar que não saiba. Por mais que seja uma relação profissional. (..) Provavelmente eu não fui a primeira, e não sou a última. Eu serei a primeira que vai falar! Eu não aceito nada em troca. O que ele fez foi impagável.
(..) Ele usou um cargo de influência, de deputado e de pastor, para aproximar. Ele abusa desse cargo para chegar e ele veio conversando comigo de formas estranhas, colocando ‘a gente poderia se encontrar’. Não é cantando, é descaradamente dando em cima.
Homem – eu sou homem, tenho minhas vontades. tenho que ser sutil. (..)
Mulher – É por isso que a gente não tá aqui falando de você. Você tem noção. Quer entender com todas as letras o que aconteceu? Ele deu em cima de mim de forma descarada, tá bom?, Me levou a fazer coisas à força – tenho a prova disso. Dentro da casa dele. Falou que estava tendo reunião da UNE, eu fui para lá e não estava tendo, ele não me deixou sair, fez coisas a força eu tenho a mensagem ‘Feliciano, a minha boca ficou roxa’. Ele ri. Sim, aonde eu falo ‘a minha boca ficou roxa’, saiu do número dele, cujo qual ele usava, não sei se usa mais; Ele fala ‘ah, passa um batom por cima’. Eu tenho todas essas provas, o que estou falando consigo sentar com o senhor e provar.
Homem – Mas ninguém está duvidando de você;
Mulher – (..) Quando a gente fala uma coisa, principalmente quando a gente está incriminando alguém, por eu estudar direito eu sei que a gente tem que ter provas. E eu tenho todas as provas. A maior prova que eu tenho até o momento é que o Feliciano está preocupado..
Homem – Isso fica, eu estou preocupado!
Mulher – Mas ele está a ponto de ligar para as pessoas, e inventar histórias que não existem. Olha para mim, você sabe quem o Feliciano é? Então você sabe o que o Feliciano faz.
Homem – Às vezes pelo fato .. você tem uma beleza diferente.
Mulher – Mas senhor.. isso não justifica! eu tô falando de uma pessoa que é casado, deputado, pai de três filhos. Eu poderia ser a Gisele Bündchen.
Homem – Eu te asseguro (..) que eu, o que te prejudicou eu conserto. No partido, quem ficou triste com você, eu conserto.
Mulher – No partido está todo mundo sabendo da história!
Homem – Pra você, estou pedindo desculpa em nome da família.
Mulher – Eu não levei à delegacia ainda porque eu sou cristã, eu amo a minha igreja! (.. ) eu não fui para a delegacia porque eu sei que isso vai prejudicar não só a igreja, não é só o ministério do Feliciano, mas todo o evangelho. eu amo a igreja. (..) Eu corri atrás de todos os pastores para pedir ajuda e não posso sair prejudicada. Porque se eu sair prejudicada, eu vou à delegacia.
Homem – Você está com meu telefone, ele fica ligado dia e noite, vou seguir sua orientação para consertar. Por exemplo, no partido você vai ter acesso direto e reto, você vai ter espaço..
Mulher – Se vale um conselho, manda o Feliciano aquietar o pintinho dele, é guardar o pintinho dele. Eu não estou fazendo favor a ninguém.
Homem – Você falou a verdade, não está fazendo favor a ninguém, você está fazendo um bem, de você perdoar, e posso pedir para você por uma pedra em cima? O partido vai continuar tudo igual para você, e para melhor. (..) está pior para ele do que para o partido.
Mulher – A partir do momento que eu ver que não vou mais ser prejudicada – eu não estou falando mais em nome do Feliciano não, em nome da igreja, em nome da bandeira que defendo. Pensa bem se levo isso para uma delegacia, com que cara vou chegar numa comissão?