O juiz federal Sergio Moro revogou, no início da tarde desta quinta (22), a prisão do ex-ministro Guido Mantega, que havia sido detido temporariamente na 34ª fase da Operação Lava Jato.
A decisão saiu às 12h20. O motivo foi a situação de saúde da mulher de Mantega, que passava por uma cirurgia no hospital Albert Einstein quando operação ocorreu.
A equipe da PF pretendia prender Mantega em sua residência, no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Na casa -que é alvo de buscas-, entretanto, só estavam seu filho, de 16 anos, e a empregada doméstica.
A Polícia Federal decidiu então ir até o hospital para encontrar Mantega. Em nota, a PF negou que tenha havido ação no hospital. "Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram feito contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício", informou a corporação, em nota. "De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca", completa o comunicado.
Depois de acompanhar as buscas no apartamento, o ex-ministro foi levado à sede da Polícia Federal. De lá, seguiria para Curitiba, onde a prisão seria cumprida.
"Considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o ex-ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim continuar, reputo no momento esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento_", escreveu Moro na decisão.
A decisão foi de ofício, ou seja, não atendeu a pedido do Ministério Público Federal e nem da polícia, mas foi tomada pelo próprio juiz.
REAÇÃO
A circunstâncias da prisão provocou críticas. O presidente do PT, Rui Falcão, se disse"revoltado" com a operação e afirmou que o "estilo de arbitrariedade e violação de direito" da força-tarefa da Lava Jato é "insuportável".
As bancadas do PT na Câmara e no Senado também reagiram à prisão do ex-ministro. Em nota, chamaram a operação desta manhã de "seletiva e abusiva".
Os parlamentares falam em violação da "dignidade e direitos fundamentais" de Mantega e sua família. Para os deputados, o "espetáculo político-administrativo", visa "interferir na disputa política" no país.
"Resta óbvia a orientação político-partidária da investigação: atacar o Partidos dos Trabalhadores e tentar inviabilizar uma candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República em 2018", destaca a nota do PT da Câmara.
Falando em indignação, os senadores destacam o "repúdio" à ação da PF, afirmando que a prisão de Mantega ocorreu em "condições desumanas, arbitrárias e, mais uma vez, espetaculosas", o que "contribui para fragilizar as crenças nas instituições democráticas e na lisura e isenção das operações efetuadas pela Lava Jato".