Há mais 2,971 milhões de desempregados em relação a um ano antes, o equivalente a um aumento de 32,7%

O País segue registrando aumento no número de desempregados. O total de desocupados alcançou o nível recorde de 12,042 milhões de pessoas no trimestre encerrado em outubro - 20 mil a mais do que no trimestre encerrado em setembro -, dentro da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O resultado significa que há mais 2,971 milhões de desempregados em relação a um ano antes, o equivalente a um aumento de 32,7%. Ao mesmo tempo, o total de ocupados caiu 2,6% no período de um ano, o equivalente ao fechamento de 2,402 milhões de postos de trabalho. A taxa de desemprego só não foi mais elevada porque 1,462 milhão de brasileiros migraram para a inatividade no período de um ano. O aumento na população que está fora da força de trabalho foi de 2,3% no trimestre encerrado em outubro ante o mesmo período de 2015. 

Como consequência, a taxa de desemprego manteve-se no patamar recorde de 11,8% no trimestre até outubro, mesmo resultado registrado nos trimestres encerrados em agosto e setembro. 

CARTEIRA ASSINADA 

O País perdeu 1,323 milhão de vagas com carteira assinada no período de um ano. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 3,7% no trimestre encerrado em outubro ante o mesmo período do ano anterior, segundo os dados da Pnad Contínua. Já o emprego sem carteira no setor privado teve aumento de 1,6%, com 165 mil empregados a mais. O total de empregadores aumentou 2,1% ante o trimestre encerrado em outubro de 2015, com 85 mil pessoas a mais. 

O trabalho por conta própria encolheu 3,2% no período, com 725 mil pessoas a menos nessa condição. Houve redução ainda de 10 mil vagas na condição do trabalhador doméstico, 0,2% de ocupados a menos nessa função. A condição de trabalhador familiar auxiliar também encolheu, 18,8%, com 478 mil ocupados a menos. 

SETORES 

Em meio à crise na produção, a indústria permanece eliminando empregados no País. A atividade cortou 1,157 milhão de trabalhadores no período de um ano. O total de ocupados na indústria recuou 9,1% no trimestre encerrado em outubro ante o mesmo período do ano anterior. "Frente ao segundo ano da crise, a indústria ainda encolheu 1,157 milhão de vagas", ressaltou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. 

A construção demitiu 501 mil pessoas em outubro ante um ano antes, enquanto o comércio dispensou 454 mil empregados. "Justamente o comércio, que poderia estar se preparando para a Black Friday ou para o final do ano", lembrou Azeredo. 

Outras atividades que cortaram vagas foram agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-478 mil empregados), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (-585 mil ocupados) e serviços domésticos (-4 mil empregados). 

Houve aumento no contingente de trabalhadores de alojamento e alimentação (+326 mil empregados), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+236 vagas), outros serviços (+136 mil pessoas) e transporte, armazenagem e correio (+83 mil ocupados). 

SAZONALIDADE 

Para Azeredo, a crise alterou a sazonalidade que marcava o mercado de trabalho, então é possível que a taxa de desemprego não recue no último trimestre conforme o esperado. "Em função da desconfiguração da sazonalidade, apostar em redução na taxa de desocupação no último trimestre fica mais complicado", reconheceu Azeredo. 

O País perdeu 604 mil postos de trabalho na passagem do trimestre encerrado em julho para o trimestre encerrado em outubro, contrariando o movimento de aumento nas contratações para as festas de fim de ano. "Essa perda de quase 600 mil postos de trabalho quase no final do ano é o quadro mais alarmante da Pnad Contínua. O desenho sazonal apontava para outra direção", avaliou Azeredo. 

Ao mesmo tempo, a população de inativos cresceu em 668 mil pessoas, enquanto a fila do desemprego ficou estatisticamente estável, com 195 mil indivíduos a mais em busca de uma vaga. "Por que as pessoas estariam sendo demitidas agora? E por que as pessoas que deveriam estar procurando trabalho não foram (atrás de uma vaga)? Isso é uma descontinuidade da sazonalidade do período", lembrou o coordenador.

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