A maré alta que está assustando a cidade não é exclusividade de Paranaguá. Além da maré de lua, o fator primordial é a ressaca ocasionada pelo ciclone extratropical que está no oceano.

Os ventos fortes e contínuos estão empurrando a massa de água de encontro ao continente.

Os estados do sul, São Paulo e Rio de Janeiro são os mais atingidos. De fato, nessas regiões onde a altura do solo em relação à preamar for igual ou inferior a zero, os alagamentos serão intensos.

Normalmente são áreas de preservação ambiental ou que não tem valor econômico pelo risco das enchentes e alagamentos.

Na falta de planejamento urbano a cidade cresce no lugar errado.

Em Paranaguá, por exemplo, muitas pessoas estão perdendo móveis e objetos devido à ocupação sem controle de áreas de mangue.

Isso é fruto da falta de uma política habitacional. A cidade cresce, a população aumenta e precisa de local para morar. Se o poder público não planeja esse crescimento, ele fica descontrolado e acaba avançando em fronteiras naturais que jamais deveriam estar ocupadas.

Já faz aproximadamente uns 30 anos que a cidade recebeu o último grande investimento público nessa área habitacional.

Foi o crescimento da chamada Nova Paranaguá, com os empreendimentos da região do Nilson Neves, Cominese, Comerciários, Bertioga, Agari e Mutirão (hoje Jd. Esperança). Prefeito José Vicente Elias, o "pai dos bairros" era um craque nesse assunto. Mais de 10 bairros nasceram e se desenvolveram devido à sua visão administrativa em dois mandatos como prefeito:

Lotes, casas, ruas, calçadas, ligações de água potável, águas pluviais e fluviais, luz e meio-fio. Tudo acontecia antes da ocupação. É assim que deveriam acontecer as expansões urbanas. Mas infelizmente isso não mais aconteceu.

Em menor escala tivemos depois o projeto Casa da Família (Prefeito Tortato) no início dos anos 90 e vinte anos depois o programa Minha Casa Minha Vida, Porto Seguro e Loteamento José Baka (Prefeito Baka).

Mas foi pouco pela demanda habitacional represada.

Então, enquanto o poder público andar atrás da necessidade de moradia e não na frente da obrigação da urbanização, planejando os futuros bairros e organizando a ocupação urbana, ainda veremos muita gente sofrer com a alta das marés.

Não vejo saída para isso no momento. Não há planejamento para o futuro sobre isso. Mas já é possível ver os políticos fazendo alianças para as eleições de 2018. Infelizmente é assim que está (não está) funcionando.

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