Crianças viviam em edícula e tomavam banho gelado
Foto: Polícia Civil

A Polícia Civil de Imbituva, a 65 quilômetros de Ponta Grossa, prendeu preventivamente na noite desta terça-feira (11) um casal suspeito de manter duas crianças em cárcere privado. Os meninos de nove e 12 anos de idade seriam filhos do homem, que atua como pastor no município vizinho. A mulher também desempenha função semelhante na cidade.

Ocaso chegou à polícia por meio de denúncia. “Recebemos o relatório do Conselho Tutelar e demos sequência ao cumprimento do mandado de busca e apreensão. Chegando a casa do casal constatamos que as crianças viviam em uma edícula, ao lado da construção principal. O espaço não possuía iluminação e o chuveiro era apenas de água gelada. Havia ainda grades nas janelas”, informou a delegada Emanuelle Siqueira. “Ambos eram mantidos praticamente sem liberdade. Podiam apenas frequentar a escola. Existiam também proibições como, por exemplo, de que não brincassem no quintal ou entrassem na casa principal”, complementou a delegada.

A situação vinha se repetindo há pelo menos cinco anos – dois anos após a morte da primeira esposa do pastor em um acidente de trânsito e do casamento dele com atual mulher, de 50 anos de idade. A suspeita possui dois filhos que estudam em Curitiba.

Em depoimento, o pai disse que consentia com as ordens da madrasta. “Ele ainda reforçou que fazia isso como uma medida educativa e para também proteger os meninos da criminalidade”, contou Emanuelle. A delegada acredita que a mulher seja a principal agente da ocorrência. As crianças também foram ouvidas na presença de uma psicóloga para garantir materialidade a denúncia. Os dois foram levados para um abrigo.

Na tarde de quarta-feira (12), o casal foi submetido a uma audiência de custódia, tendo a prisão preventiva mantida pela Justiça. Na sequência foram trazidos a Cadeia Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa.

Advogado de defesa fala em exagero

Ouvido pela reportagem, o delegado de defesa do casal, Fernando Estevão Deneka, diz que houve um exagero por parte da Juíza e do Ministério Público (MP). “Não seria o caso de prisão. Eles são réus primários, sem antecedentes. As crianças também não apresentavam lesões, por exemplo. Esses exageros serão mostrados no decorrer da instrução do processo”, garante. Ele ingressará com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça. “Nossa intenção é de que eles respondam o processo em liberdade”, afirma.

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