Você chamaria de justo o valor cobrado pela passagem na balsa que faz a travessia até a ilha dos Valadares? Essa é apenas a ponta do iceberg.

Calma, antes de responder essa pergunta tenho outra para você que paga o preço para chegar em casa com seu carro: Quem lhe representa diante dessa situação? Para quem gritar socorro? Aliás, precisa gritar? A balsa fica logo atrás do Palácio Carijó.

A situação na verdade parece complexa, tão complexa que ninguém informa a comunidade insulana se há algo sendo feito ou não.

Quem sabe sejam os muros internos que separam o plenário da população ou a segurança antiterrorista reforçada que toma o tempo precioso das atenções impedindo que projetos sejam feitos para pelo menos minimizar a situação.

Pessoas foram contratadas pelo voto do maior colégio eleitoral da cidade, mas parece que o retorno tão esperado de projetos criativos que minimizem o problema, não estão nem no horizonte de nosso mar.

O que está faltando? Seria criatividade? Observar as necessidades da população?

As vezes fico ouvindo certas posições onde a tese é: O povo que fale, que venha para a câmara, etc..

Imagine que você tenha que depois de um dia de trabalho forçado, ir a uma das duas únicas sessões semanais na câmara municipal para dizer a um representante contratado pelo seu voto para que faça o que deveria fazer sem que você estivesse lá. 

Aliás essa é a maior incoerência republicana que já ouvi, onde a obrigação parlamentar de nos representar só acontece com a presença da população para fazer pressão, o que é isso? Meu Deus, se eu preciso ir as seções para que tenha representante lá? Ao ir a uma sessão com o objetivo de pressionar, estou assinando um documento presencial de que não há ali pessoas que me representam.

Estamos lidando com um momento de pura incoerência politica e intelectual, estão brotando pensamentos no solo da ignorância cada vez fértil em uma colheita mais farta do que nunca, regada pela representatividade de si mesmos e não do povo, que por sua vez tem sido convocado por seus contratados para trabalhar em seu lugar em uma dupla jornada, sob o falso filosófico de que isso é exercer cidadania.

Cidadania é ter o direito de ser representado em minha vontade sem que eu precise estar lá, se eu precisar estar lá, pra que representante? Pense nisso enquanto estiver na balsa, pelo menos a travessia no final da tarde é bem inspiradora ao olhar o sol se pondo, mas logo o carro já desce na areia e você volta a realidade precária em que vivemos, é bem verdade que podemos ir e vir, mas dizer que isso é por um valor justo, isso é uma mentira.



Emerson Casburgo - Teólogo e Pastor
https://twitter.com/emersoncasburgo

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